terça-feira, 25 de agosto de 2015
O SILÊNCIO, DE ZINAH - POR BATISTA DE LIMA
Zinah Alexandrino
lançou em 2014, pela Editora Premius, o livro "A intenção do
silêncio". A ficha catalográfica vem acusando ser um livro de contos.
Realmente há alguns contos, mas entre os 23 textos há um número maior de
crônicas. Esse fato já nos leva a uma discussão sobre a real diferença entre
crônica e conto, o que não cabe aqui resolver, tendo em vista que estudiosos,
muitas vezes, os definem de forma diferente, e se contradizem, até. A crônica,
mesmo sendo narrativa, possui um compromisso com o cotidiano e até com o
trivial.
O conto é um
desfecho. É uma precipitação. Pode ser uma cena só, compacta. Se passar disso
pode virar romance. Não é necessário que tudo seja dito. É muito importante que
algo fique em suspenso para que o leitor complemente, ou seja, o não dito tem
seu lugar e sua significação no conto. É um silêncio sugestivo. É por isso que
Arminda Serpa conclui, no seu comentário no livro, que "todo dizer
estabelece uma relação fundamental com o não dizer". Mais à frente, a
mesma analista chega a afirmar que "para dizer é preciso não dizer".
No prefácio, Evan
Bessa acentua o humor, a ironia e o sarcasmo como as características das
narrativas de Zinah. Também poderia ter acrescentado que a emoção é privilégio
dos personagens femininos, ficando os homens marcados pela racionalidade. Há
uma sensibilidade feminina respaldada pelo cultivo dos rituais, quando os
homens agem exatamente ao contrário.
Até nos temas
abordados, essa tendência transparece. São conflitos humanos que geralmente se
iniciam pelas falhas masculinas. Talvez quando essa marcação cerrada sobre
questões de gênero é posta de lado, é quando melhor se sai a narradora. Prova
disso é que, no momento em que o fantástico margeia sua história, é quando
melhor se apresenta seu conto.
A primeira
narrativa que chama a atenção é "A cartomante". Esse tema, recorrente
na literatura, já deixa o leitor curioso pelo desfecho do texto. Nesse caso, é
a cartomante que sai perdendo, ao ver o marido indo embora com a cliente.
Vicente e Vandira se afinam tanto que até os nomes se parecem. Quanto a Madame
Ruth, que traz amores de volta para quem a contrata, vai ter que trabalhar
muito para resolver seu próprio problema.
Pelo que vai
sugerindo o texto de Zinah, dá para se concluir que é caso perdido. Afinal,
todo o assédio inicial, através de telefonemas, partiu de Vicente. O que
Vandira queria de início era apenas o retorno do pai de sua filha. O destino,
entretanto, trouxe-lhe outra ventura.
Outro conto, que
concentra uma certa tensão, traz o título "Intenção do silêncio", que
coincidentemente é o título do livro. Nesse conto, o não dito é posto em
destaque, pois o leitor chega a complementar aquilo que foi apenas sugerido,
mas que não está explícito.
Esse leve suspense
mexe com o leitor, que muitas vezes precisa ser instigado para que pense alguma
coisa que está além do significante textual. Isso, no entanto, não se repete
nos outros textos, que primam por uma solução fácil dos enigmas textuais. Os
textos de Zinah geralmente são curtos, chegando a uma média de duas páginas
cada. Há, no entanto, uma exceção, o conto "O homem que fugia das
mulheres", que ocupa quatorze páginas do livro.
É aquela narrativa
tirada do baú, escrita quando a escritora, ainda adolescente, queria escrever
um romance. Por isso, nele há alguns momentos de singeleza, outros de puro
diletantismo da idade, como a cena do casal "deitado na relva",
quando se sabe que ambos estão numa caverna por conta da chuva, e que é difícil
encontrar relva em tal situação.
Há, no entanto, uma
característica marcante nas narrativas do livro. É o tratamento da linguagem. A
autora se esmera na correção gramatical, em frases bem lapidadas. Afinal,
pedagoga, pós-graduada no ensino da Literatura, era de se esperar esse seu zelo
no lado significante textual.
Esse seu segundo
livro é um amadurecimento diante de "Sutilezas", poemas de 2006, da
mesma Editora Premius. Também há o fato da mudança de gênero, da poesia para o
conto, o que faz com que a narrativa saia ganhando, pois a influência poética
do primeiro livro termina por transparecer no segundo. Assim, pode-se dizer que
merecidamente a autora fez jus às academias a que pertence.
"A intenção do
silêncio" é um livro de fácil leitura. Tem seu formato propício à
utilização como paradidático, para turmas terminais do ensino fundamental. Pena
é que autor cearense não consegue ter essa honraria de ser estudado por aluno
cearense. Nossas escolas só têm olhos para autores que venham das grande
editoras do Sudeste.
Esse livro de Zinah
daria boas discussões entre estudantes do ensino básico. Uma das temáticas
seria o tratamento de gênero interposto entre seus personagens. As mulheres são
sempre caracterizadas como marcadas pela emoção. São sensíveis e românticas. Os
homens primam pela racionalidade, pela força e pela coragem, mas tropeçam quase
sempre nas suas fraquezas. Só essa diferenciação daria espaço para grandes
debates. Acontece que a feliz geografia que nos colocou nesta maravilhosa terra
nunca teve o tratamento nem as benesses dos que foram ungidos do Sul maravilha.
sábado, 8 de agosto de 2015
UMA ABORDAGEM SOBRE O DIA DOS PAIS
O DIA DOS PAIS
Vicente Alencar
(Presidente da UBT-FORTALEZA)
Comemorar o
Dia dos Pais, não tão lembrado como o Dia das Mães, no segundo domingo de maio,
tem, também, o seu prestígio e, pode se constituir num momento importante
dentro da família. O Pai, sempre, tem a sua presença muito discutida. Você pode
até não saber quem é seu Pai, pode até ter dúvidas quanto à paternidade. E, é,
justamente, aí que reside a diferença nas comemorações das datas de Dia dos
Pais e Dia das Mães. Em qualquer circunstância, todas as pessoas têm Mãe, 99
por cento a conhecem, mas, quanto ao
pai, já podemos encontrar reservas.
Muitos são
aqueles que são pais e que, às vezes, nem sempre sabem se o são ou se o foram!
Em muitos casos de romances difíceis ou amores furtivos, a presença do Pai não
é, exatamente, aquela que um casal normal, ou seja, com uma união celebrada, em
qualquer religião ou cartório, junto ao Juiz de Paz, tenha sido completada,
exista de fato.
Ocorrem casos
em que a noite do amor, ocorrida sem que nenhum dos dois soubesse que viria a
acontecer, ou seja, chegou, viveu, sentiu, nunca mais se viu. Nestes casos, o
Pai nem sabe se foi Pai, mas a Mãe sabe que foi Mãe. Ocorre, também, que
pode desconhecer o Pai, não sabendo nem o seu nome, nem o seu destino, de onde
veio nem para onde foi. Você pode achar que é difícil de acontecer? De ocorrer?
Não, não é, de maneira alguma.
Existem os
pais que, simplesmente, nem mesmo sabem da existência do filho. Existem pais,
apenas, biológicos, que nunca foram informados de que nasceu seu filho. Existem
os pais que nunca saberão quem foi seu filho, pois, a Mãe, simplesmente, ignora
o acontecido e não seria, depois de tanto tempo, que iria reabrir a questão.
Mas, existem,
também, os pais que são dedicados, que procuram atender ao filho, desde o seu
nascimento, sentindo orgulho do seu rebento, daquele que fará seguir pelo
futuro, o que plantou, o que conseguiu e o que acha que é certo.
Ser Pai é
difícil! Arcar com todas as atribuições, desde a gestação até um dia em que não
se sabe qual, quando os filhos seguem em frente e lhe dão netos. Os filhos dos
seus filhos. Aí, o Pai que, durante toda a vida, desdobrou-se para lhe
proporcionar uma vida saudável, da saúde aos estudos, do respeito à ética, do
abraço à palavra de carinho, reconhece que, durante toda a sua vida, fez o
certo e colocou no mundo uma família honrada.
No Dia dos
Pais, sempre, no segundo domingo de agosto, a nossa Mensagem de atenção a todos
os Pais, na certeza de que cada um deles, procurando acertar e fazer o melhor
por seus filhos e sua família, muito podem colaborar para com o crescimento de
todos, mesmo num país tão mal vestido, tão mal dirigido e tão desorganizado
como o nosso.
Parabéns, a
todos os Pais do Ceará e do Brasil, neste dia que é dedicado a todos eles.
Fortaleza,
CE, 9 de agosto de 2015, 2º domingo de agosto.
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